
Jul 26, 2023
O que são as intervenções no trabalho de parto?
Muitas dúvidas e receios costumam surgir quando o assunto é intervenção durante o trabalho de parto, mas o que exatamente é isso?
Uma intervenção de parto refere-se a qualquer procedimento ou ação realizada durante o trabalho de parto e nascimento para facilitar, acelerar ou monitorar o progresso do parto. Essas intervenções são usadas quando há necessidade de garantir a saúde e o bem-estar da mãe e do bebê.
O problema não está na intervenção, mas no seu uso indiscriminado, ou até mesmo no uso quando ela não seria indicada. Ela deve ser realizada somente quando necessária para garantir a segurança da mãe e do bebê. Quando feita de maneira correta, ela traz benefícios para um nascimento seguro.
Existem várias intervenções de parto comuns, e algumas delas incluem:
Analgesia no parto humanizado
A analgesia no parto possui muitas nuances que devem ser consideradas. É comum que gestantes que optam pelo parto normal dispensem a analgesia, porém, isso varia de acordo com a evolução do parto e da percepção de dor dessa mulher.
A analgesia normalmente é feita através de uma punção nas costas da gestante (parecido com o que é feito em uma cesárea). O objetivo é aliviar a dor sem tirar a mobilidade da gestante. Para muitas mulheres ela é essencial para que o trabalho de parto possa prosseguir.
É sempre importante lembrar que a analgesia pode aumentar a necessidade de outras intervenções e ela não é isenta de riscos.
Você já ouviu falar sobre a ocitocina?
A ocitocina é um hormônio produzido pelo hipotálamo e tem a função principal de estimular as contrações uterinas e a amamentação. Esse hormônio já está presente em nosso organismo e está totalmente envolvido no trabalho de parto
A ocitocina pode ser utilizada apenas quando há a necessidade de aumentar as contrações da gestante, na maior parte das vezes usada em caso de indução de parto. O hormônio jamais deve ser utilizado para acelerar o parto de mulheres saudáveis.
O uso indiscriminado da ocitocina pode ser a causa de alterações importantes no batimento cardíaco do bebê e nunca deve ser utilizado sem uma indicação precisa e correta. Além disso, a partir do momento em que a medicação passa a ser usada, devemos monitorar a vitalidade fetal de forma ainda mais rigorosa.
Após o nascimento do bebê é utilizada uma injeção de ocitocina para diminuir os riscos de hemorragia pós-parto.
Vácuo extrator, quando é necessário?
O vácuo extrator auxilia a saída do bebê, quando houver indicação para abreviar o período final. Se usado da maneira correta, o vácuo ajudará o trabalho de parto para um nascimento mais seguro. Ele apenas facilitará o processo, mas o nascimento ainda acontecerá com as contrações e o esforço físico da mãe.
Fórceps: por que não temê-lo?
O fórceps ficou muito famoso e é muito temido por diversas gestantes. Apesar da má fama, ele não precisa ser uma preocupação. Ele é um instrumento e, por si só, não fará mal algum para a gestante.
O objetivo principal é auxiliar o parto e a passagem da cabeça do bebê pelo canal vaginal. Na grande maioria das vezes ele é utilizado quando o bebê não continua a sua descida pelo canal de parto e começa a apresentar sinais de estresse fetal, mostrando necessidade de abreviação ao parto, sendo que isso é muito raro.
Se utilizado da maneira correta e pelo motivo correto, o fórceps trará muito mais benefícios do que riscos para a mãe e o bebê.
Rompimento artificial de membrana
O rompimento artificial da membrana é o rompimento da bolsa realizado pela equipe médica.
Quando a bolsa se rompe, hormônios são liberados na corrente sanguínea estimulando as contrações, por isso a técnica pode ser benéfica em casos de indução de trabalho de parto.
Puxo dirigido
O puxo dirigido é o incentivo e orientação à gestante para que ela faça força nos momentos de contração. É a tal torcida a cada contração muitas vezes acompanhada de uma orientação para prender o ar no peito nesse momento.
Essa prática é mais comum principalmente nos momentos finais do parto, quando o bebê está prestes a nascer. Porém, não existe nenhuma necessidade de sua realização uma vez que a mulher sabe a hora exata de empurrar o seu bebê.
A única situação em que o puxo dirigido é aceitável é quando a mulher está analgesiada e não consegue perceber o início e o fim das contrações necessitando assim dessa orientação.
É muito importante conversar com os profissionais envolvidos para elaborar um plano de parto. Conte com profissionais especializados e humanizados, que respeitarão os seus desejos e sempre irão priorizar a sua segurança e do bebê.
Também é essencial que a gestante e o acompanhante sejam informados sobre tudo o que está acontecendo e que os desejos da mãe sejam respeitados, mantendo o olhar atento para intervir quando, e se, houver necessidade.
Dra. Midiã Vergara Bandeira
Ginecologia | Obstetrícia
CRM 28972-PR | RQE 19354